Savasana! Savasana é habitualmente a última postura de uma sessão de prática de Asanas.
Para muitos, é o tão esperado descanso do final da aula; para outros, Savasana é o confronto com os próprios fantasmas. Para alguns menos, Savasana é uma postura muito dificil.
O peso do Nome - Savasana é a postura do Cadáver. Relativamente ao nome, temos de nos lembrar que o Yoga nasceu na India, onde vida e morte acontecem nas ruas, a todo o momento, à vista de todos.
Convive-se com a morte, com os idosos, com os doentes, e falar de morte não é mais do que falar da passagem de um estado para outro; ou seja, não tem a carga emocional de ser um fim; é como falar da passagem da água em estado sólido, para estado líquido - continua a ser o mesmo, mas em estados diferentes; ou como abandonar as velhas roupas que já não têm capacidade para desempenhar a sua função de tão gastas e usadas que estão, há algo material que chega ao fim, mas o essencial, a alma, continua a existir seja sob que forma fôr.
Para a nossa cultura ocidental, o paradigma da morte apresenta-se de forma diferente - falar da doença ou da morte, é tabu, é constrangedor, é triste e evita-se. Escondemos os nossos idosos ou doentes nos lares. Depois vamos visitá-los de vez em quando para tranquilizar a nossa consciência, e a vida corre.
Com esta nossa mentalidade, colocarmo-nos numa asana que imita a forma de um cadáver, pode ser desconfortante, desagradável mesmo, ou até assustador....
Assim há que praticar esta asana com mentalidade aberta a conceitos diferentes dos nossos; nem melhores nem piores, mas simplesmente diferentes.
A Imobilidade - Outro “tormento” de Savasana é para muitos, a imobilidade. Imitar um cadáver é estar completamente imóvel. Um corpo em Savasana está totalmente submetido à força da gravidade. O metabolismo diminui e o corpo perde calor. A mente “inventa” mil desculpas que “obriguem” a quebrar essa imobilidade.
Mas é necessário manter esta imobilidade através de uma entrega e desprendimento total, observando ao mesmo tempo o contraste entre o corpo imóvel e a vida dentro desse corpo – sentem-se os batimentos do coração, o pulsar do sangue nas veias, e principalmente, sente-se e observa-se a respiração, e prana, a energia vital mantém o seu fluxo mais tranquilo mas contínuo.
A energia mental (pensamento e análise), vira-se para dentro, tal como todos os sentidos se viram para dentro. E os nossos fantasmas estão lá, dentro de nós, no local em que o silêncio acontece... sentimentos, emoções, medos, traumas, problemas não resolvidos…. Há que desatar estes “nós” porque eles prendem-nos e tiram-nos a liberdade. Temos de os enfrentar um por um, mas não alimentar. A forma de lidarmos com eles em Savasana, é diferente daquilo que se faria por exemplo, numa meditação Vipasana (budista); em Savasana quando os pensamentos aparecem, apenas temos de não os acarinhar nem repelir – somente seguir a sua passagem pela mente e voltar a atenção para a respiração. Por outras palavras, ao observá-los sem os prender, deixamos que percam o protagonismo ou a força que têm e aos poucos vão-se diluindo na nossa paz e tranquilidade interior.
Savasana acalma os nervos e o espírito e é um antídoto para a tensão nervosa. Descansa, relaxa e ajuda ao auto-conhecimento.