2009-02-09

Extractos da Entrevista


- Podemos considerar o ioga como um desporto?- Não. Os atletas não usam o corpo a cem por cento. Dependendo do desporto, desenvolvem-se algumas partes do corpo mais do que outras. No ioga, em contra-partida, dá-se atenção a todas as áreas do corpo. Esta actividade não faz aumentar a musculatura, mas ensina a utilizar todos os músculos de uma forma activa.
Para além disso, na prática normal de desporto, acumula-se sempre ácido úrico nas articulações, produzindo fadiga e dores tanto nos músculos como nas articulações. O ioga melhora a circulação, logo elimina o ácido úrico. Por isso, os atletas que o praticam não sentem cansaço, sentem sim que o ioga os acelera e os prepara para as actividades desportivas, dando-lhes maior energia e entusiasmo.

- Que procuram os seus discípulos quando vão ter consigo?
- Noventa e nove por cento, incluindo os que dizem estar interessados nos aspectos espirituais do ioga, na realidade vêm ter comigo porque lhes dói o estômago, porque não conseguem dormir ou porque têm uma inflamação no ouvido. Porque é que Krishnamurti , um dos filósofos mais famosos do século XX, veio ter comigo? Porque tinha um monte de problemas. As pessoas que querem melhorar a sua vida espiritual têm de se virar para o corpo e tê-lo são. O corpo é o veículo do espírito. Por isso, ensino intelectuais, desportistas e políticos, e, claro, médicos também. Depois do aluno estar curado, perguntamos-lhe: “Que mais queres?”. Talvez já esteja satisfeito, mas, se deseja algo mais, com a prática do ioga pode também alcançar a felicidade espiritual. Isso depende de cada um. O ioga é muito democrático, é feito à medida de quem o pratica.