"Há gente que dá cravos, e se assusta.Há gente para todos os trabalhos simples e loucos.
Morrem devagar nos vestidos, sorriem, têm mãos por toda a parte, debaixo da luz insensata.
Há gente veloz, acordando a cada instante, entrando e saindo pelas portas vivas.
Trabalham todos.
Falam e calam-se, e os corredores vibram à passagem do que transportam pela mão: o cadáver de uma grande flor, uma bípede estrela - emplumada e sensível.
Há gente que faz tudo em tábuas pensadoras.
Que vive e morre ritmicamente na sua marcenaria."
Por vezes, nascidas do nada, surgem conversas ...... e também por vezes eu, tristemente, concluo que há gente para tudo.
"Há gente que dá cravos e se assusta....Gente silvestre um pouco às escuras no aposento leve entre pastagens crepitantes. Às vezes desconhecem a íngreme visão das estrelas"!
(Herberto Helder, Retrato em Movimento)